domingo, 7 de fevereiro de 2010

Dilma rebate FH e compara os dois governos.

Por O Globo 07/02/2010 às 21:20

Toda vez que o ex-presidente Fernando Henrique fala, o governo cresce na sua aprovação e a ministra Dilma cresce nas pesquisas.


BRASÍLIA - A ministra-chefe da Casa Civil e pré-candidata do PT à presidência da República, Dilma Rousseff, defendeu, neste domingo, a estratégia eleitoral de comparar as gestões entre os governo Lula e do governo anterior. Ela rebateu de forma enfática o artigo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, publicado na edição deste domingo do GLOBO, em que ele afirmou que "eleições não se ganham com o retrovisor".

- Comparar não é ficar olhando para o retrovisor. Pelo contrário. É discutir que caminho eu vou seguir. Para que lado eu vou. E por que o povo tem que discutir isso? Porque é importante saber se nós vamos fazer obras de saneamento ou não - disse Dilma, ao participar do Encontro Nacional da Juventude do PT.

No artigo, o ex-presidente Fernando Henrique acusou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva de "inventar inimigos" e "enunciar inverdades" e desafiou o "lulismo" a fazer comparações "sem mentir" e "sem descontextualizar". A ministra Dilma disse não ver problemas nas comparações e ressaltou que o governo Lula é muito bem sucedido. Para ela, a comparação é fundamental para que se escolha um caminho.

" A comparação, quando se trata da gente escolher caminhos, é sempre boa. Porque você vai discutir: "eu vou seguir aquele caminho ou vou seguir aquele outro caminho". Para saber qual dos caminhos seguir, eu olho e comparo. Não há como dizer que o governo do presidente Lula, em qualquer comparação e em qualquer período anterior, não seja um governo muito bem sucedido _ disse Dilma.

Ela citou algumas áreas de atuação do governo Lula em relação as gestões anteriores. Lembrou que, de 1999 até 2003 foram construídas 140 escolas técnicas, número igual ao do governo Lula, e que, segundo ele, terminará com 214 escolas técnicas. Ao citar as obras de saneamento, Dilma acrescentou que antes de 2003 havia sido feito muito pouco. Também lembrou o déficit habitacional e defendeu o subsídio para a construção de casas populares.

- Tem que fazer o que fizemos no "Minha Casa, Minha Vida", que era considerado o cúmulo do "dinossaurismo": subsídio. O governo federal botar a mão no bolso, tirar dinheiro do orçamento e pagar uma parte das casas para população até três salários mínimos. Aí sim, as pessoas têm opção e não vão para a beira do córrego e do fundo do vale argumentou.

Ela também citou como exemplo de comparação a reportagem do GLOBO, publicada no caderno de Economia neste domingo, que revelou que, pela primeira vez na história, a classe C do Brasil passou a representar a maior fatia da renda nacional.

-Comparar, sim, uai. Se não comparar, fica difícil. Vamos discutir quem fez o que, e quem fará o que. Nós não temos problema nenhum com comparação. E sabe por quê? Porque estamos vendo os dados disse Dilma, para, em seguida, ressaltar: Não vai ser possível a gente não comparar situações. Porque o Brasil deu um salto. Antes, a gente vivia de pires na mão falar com o "sub, do sub, do sub" no Fundo Monetário Internacional.

Ela ressaltou ainda a estabilidade econômica durante a gestão do governo Lula. Para ela, esse fator foi fundamental para o Brasil superar a recente crise financeira internacional, situação diferente da que o país viveu em governos anteriores, segundo ela.

- O governo pediu US$ 14 bilhões (emprestados ao FMI) porque só tinha US$ 16 bilhões de reserva. Tinha atrelada a sua dívida interna ao dólar. Cada vez que havia uma crise internacional, e uma desvalorização, a dívida das empresas e do governo, triplicava, duplicava ou se multiplicava na proporção da desvalorização. Diante de cada crise, o governo quebrava. Ele era parte do problema. Nós não vamos comparar que fomos parte da solução? - sugeriu a pré-candidata petista.

Segundo ela, o governo Lula pôs os bancos públicos investindo e financiando quando o crédito havia acabado. Ela lembrou ainda que o governo ajudou o setor privado a não ter uma queda acentuada. E citou o fato de iniciativas governamentais ter seguradosetor automobilístico e a construção civil. A ministra disse que o programa "Minha Casa e Minha Vida", para a construção de um milhão de moradias, teve o objetivo de solucinar o déficit habitacional, mas também o de impulsionar o setor.

" Para resolver o problema do déficit, mas também para combater a crise, e não deixar que um setor tão importante como o empresário privado da construção civil quebrasse. Então, eu não acredito que seja simplesmente uma questão de comparação. É uma questão de opção pelo caminho que o Brasil vai percorrer a partir de agora - observou.

Ela contestou o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que afirmou que o presidente Lula tenta desconstruir o inimigo:

- Você pode comparar o que foi feito no governo anterior. Nós construimos um caminho novo para o Brasil. Não estou desmerecendo ninguém. O que estou falando é que aquele caminho não é o melhor.

Para o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, também presente ao evento, o PT sempre fez comparações com o PSDB. Ele alfinetou o ex-presidente tucano.

- Toda vez que o ex-presidente Fernando Henrique fala, o governo cresce na sua aprovação e a ministra Dilma cresce nas pesquisas_ provocou Padilha.

Num discurso para cerca de 400 militantes da Juventude do PT, Dilma insistiu nas comparações. Muito descontraída, chegou a gritar com os militantes palavras de ordem. Ela foi aclamada como 'presidenta' pelos petistas, aos gritos de "Olê, Olê, Olê, Olá, Dilma, Dilma" ou de "O povo decidiu: Dilma presidente do Brasil'. O presidente do PT, o ex-senador José Eduardo Dutra, negou que o evento fosse um ato de campanha eleitoral. Em sua fala, ela ressaltou a projeção de que o Brasil será a quinta maior potência do mundo.

- Mas só podemos ser a quinta potência se os 190 milhões de brasileiros tiverem saúde, educação, segurança e participarem dos ganhos desse desenvolvimento. Não podemos aceitar a visão passada de desenvolvimento econômico, em que o povo brasileiro não tinha acesso a esse desenvolvimento - sentenciou.

Ainda na entrevista, Dilma contestou as críticas da oposição de que o PT quer rasgar a "Carta aos Brasileiros" e os compromissos com a estabilidade econômica, numa referência ao texto assinado por Lula na campanha de 2002.

- Nós implantamos a "Carta aos Brasileiros". Ela já está bem implantada. Por isso que a gente não precisa dela. Ela está aí com US$ 241 bilhões de reservas. Ela está aí no controle da inflação do nosso período. Ela está na política fiscal mais responsável que houve até agora. Porque mesmo durante a crise temos o menor déficit fiscal e nominal do mundo. Não fomos nós, hoje, que falamos que tem que acabar com os juros, mudar o câmbio e resolver o problema da inflação diferentemente, além de acabar com o PAC. Não foi ninguém do PT. Não fomos nós - rebateu, numa citação indireta a recente declaração do presidente do PSDB, o senador Sérgio Guerra (PE).

Ela ainda ironizou a oposição, a citar que nem mesmo no Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça, há esse tipo de crítica ao governo brasileiro.

- E aí vocês me desculpem, mas o pessoal está um pouquinho atrasado. Nem em Davos a gente recebe mais essa crítica. Em Davos a gente recebe um prêmio de estadista internacional. Por que será? - provocou, Dilma, arrancando sorrisos dos militantes petistas.

fonte: www.midiaindependente.org

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