sexta-feira, 24 de julho de 2009

O que é essencial para todos?

Por Gustavo Barreto em 24/07/2009

“O homem é essencialmente um ser de cultura”, argumenta o professor Denys Cuche, da Universidade Paris V. A cultura é um campo do conhecimento humano que nos permite pensar a diferença, o outro e dar um fim às explicações naturalizantes dos comportamentos humanos. As questões étnica, nacional e de gênero, por exemplo, não podem em hipótese alguma serem observadas em seu “estado bruto”. É o caso da relação homem-mulher, cujas implicações culturais são mais importantes do que as explicações biológicas.

E por que se faz importante fazer esta breve introdução, na questão da ideia do Vale Cultura, lançada pelo Governo Federal e atualmente em discussão com os atores sociais da área? Porque urge que nossa legislação passe por uma transformação, dado que a principal lei do setor está defasada (é de 1991) e é insuficiente para os desafios atualmente expostos.

O conceito de “cultura” é tão reivindicado quanto controverso. Ouvimos esta palavra diariamente, para os mais diversos usos: cultura política, cultura religiosa, cultura empresarial. Também serve para complexificar e ampliar um debate sobre um tema difícil (“isso é cultural”), para finalizá-lo (“não tem jeito, isso é cultural”) ou gerar preconceito contra um grupo social (“o povo não tem cultura”). São múltiplos os usos.

Está claro que incentivar as manifestações culturais de um povo é condição indispensável para seu desenvolvimento. É certo que este instrumento deve atingir um de seus principais objetivos: a desconcentração regional e a democratização do acesso a produtos culturais. A simples injeção de R$ 600 milhões por mês no mercado cultural, podendo atingir até 12 milhões de brasileiros, já é um grande benefício.

O curioso na iniciativa do Governo, que já tramitava no Congresso desde 2006, é a questão tardiamente (e fatalmente) gerada para reflexão: o que é essencial para todos? Se o trabalhador possui o Vale Transporte e o Vale Alimentação, por que não o Vale Cultura? Este debate – e o debate é justamente este – gera reações ainda mais curiosas.

A mais risível é a que ataca a proposta como “dirigista”, afirmando que o tempo do dirigismo cultural já acabou em todo o mundo. Uma simplificação melancólica e uma inverdade: governos de países que alcançaram bons índices de desenvolvimento humano investem muito mais na cultura do que o Brasil. Os ataques têm nome: são os mesmos que falam em “alta cultura” e compõe as velhas oligarquias deste setor, pois concentraram por muito tempo a exclusividade dos “negócios” da cultura. Alguns chegam a duvidar da “qualidade estética” dos produtos culturais a serem consumidos.

Estão claros os inimigos deste discurso conservador: o trabalhador, que passa a ser progressivamente um crítico de cultura, e as manifestações da cultura popular – ora atacada, por exemplo, por meio da restrição à cultura do funk carioca.

A aprovação do Vale Cultura será um passo importante, dentro de uma longa caminhada, para a inserção de milhões de brasileiros no universo privilegiado da cultura local, regional e nacional.

(*) Gustavo Barreto é produtor cultural no Rio de Janeiro e mestrando do Programa de Pós Graduação em Comunicação e Cultura na UFRJ. Artigo publicado também no Jornal do Brasil do último domingo (19/7).
Fonte: http://www.consciencia.net/?p=422

sábado, 11 de julho de 2009

Mundo

Ao redor da humanidade
Só há desigualdade, coisa sem igual
A diferença é a maneira de pensar
Mas pobreza e miséria sempre houve e haverá (2x)

Ninguém se preocupa com você, pode crê
Pisca os olhos e já vê, isso passa na TV (2x)

Mas acredito nesse mundo brutal
Porcos e lavagens tudo no mesmo quintal
Mas surge um passarinho que vem me avisar
Tudo passa, se renova e vem para restaurar (2x)

Ninguém se preocupa com você, pode crê
Pisca os olhos e já vê, isso passa na TV (2x)

Mas acredito nesse mundo brutal
Porcos e lavagens tudo no mesmo quintal
Mas surge um passarinho que vem me avisar
Tudo passa, se renova e vem para restaurar (2x)

Letra: Winston dos Santos Souza
Música: Eduardo Melo Padua

Deleite

Um homem
Em arte, vida
Em vida, arte
Criação

Anomalia da ação
Reentrâncias da existência
Em lábios soltos
Envolto

Artista da antítese
Mago, Ilusionista
Deitado na essência
Envolto em sensações

Estendido ao sol
Seco de viver
Sem artes, cantaste

Em tua rede, deito
Deleite, ser
Metamorfose

Retratos
Imagem
Metamorfose

Letra: Carlos Alberto Mota Castro